Neste 28 de agosto a Central Única dos Trabalhadores completa 41 anos de história, se consolidando como a maior central sindical da América Latina e a quinta maior do mundo. Para marcar a data e falar das conquistas e desafios da central ao longo destas mais de quatro décadas, a presidenta da CUT-SC, Anna Julia Rodrigues, escreveu um artigo.
Leia abaixo o artigo completo:
Neste dia em que celebramos os 41 anos da Central Única dos Trabalhadores (CUT), é importante recordar a trajetória da nossa organização e refletir sobre os desafios e esperanças para o futuro. Fundada em 1983, a CUT nasceu em um contexto de luta contra a ditadura militar e pela construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Ao longo de sua história, a CUT-SC se consolidou como uma das principais entidades de defesa dos direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras no estado.
Nossa história é marcada por conquistas e batalhas, por união e organização, por defender incansavelmente os direitos que conquistamos e por lutar por um futuro mais justo para todos! Nestes 41 anos não nos calamos diante da precarização do trabalho, da exploração e da desigualdade. Enfrentamos a flexibilização trabalhista, a terceirização e todas as investidas que visam enfraquecer os direitos dos trabalhadores.
Ao longo dessas quatro décadas, a CUT Santa Catarina se destacou em diversas frentes: teve um papel fundamental na luta pela Constituição de 1988, que consagrou direitos sociais e trabalhistas importantes para a população brasileira. Outras conquistas importantes foram a luta pela valorização do salário mínimo, garantindo que ele acompanhe o custo de vida e proporcione uma vida digna para os trabalhadores, a contribuição para a implantação da defensoria pública em Santa Catarina, garantindo acesso à justiça para os trabalhadores que não podem pagar por um advogado particular, e a luta pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários, garantindo mais tempo de descanso e lazer para os trabalhadores. Outra conquista recente foi a lei da igualdade salarial, uma bandeira histórica da CUT, mas ainda é preciso lutar para que ela seja realmente implementada e respeitada.
Apesar das conquistas alcançadas, a CUT-SC também enfrenta diversos desafios. O modelo neoliberal, que prioriza o lucro em detrimento dos direitos dos trabalhadores, tem dificultado a luta por melhores condições de trabalho e salários. A terceirização e a precarização do trabalho têm aumentado a vulnerabilidade dos trabalhadores e dificultado a organização sindical. Os ataques à democracia e ao estado de direito, como a criminalização dos movimentos sociais, ameaçam os direitos dos trabalhadores.
Somos a voz dos trabalhadores, unidos em sindicatos fortes e atuantes, que lutam por melhores condições de trabalho, por salários dignos e por uma vida digna para todos! A CUT Santa Catarina não se limita a defender os direitos trabalhistas. Lutamos por saúde, educação, previdência social e por todos os direitos sociais.
Com as eleições municipais de 2024 se aproximando, a CUT Santa Catarina assume um papel crucial na mobilização e conscientização dos trabalhadores. É fundamental que os trabalhadores estejam informados sobre as propostas dos candidatos e que escolham representantes que defendam seus interesses e lutem por uma sociedade mais justa e igualitária.
Diante desses desafios, a CUT-SC se mantém firme na luta pelos direitos dos trabalhadores. Estamos mobilizados para defender os direitos dos trabalhadores formais, informais e de plataforma. Acreditamos que a união e a resistência dos trabalhadores são fundamentais para superar os desafios e construir um futuro melhor para todos.
Lutamos por um futuro onde todos os trabalhadores e trabalhadoras tenham acesso a um trabalho digno, com salários justos e condições de trabalho seguras e saudáveis; os direitos sociais e trabalhistas sejam respeitados e ampliados; a democracia e o estado de direito sejam fortalecidos; o Brasil seja um país mais justo e igualitário para todos
Saudações CUTistas!
Anna Julia Rodrigues
Presidenta da CUT Santa Catarina
Neste domingo (28), a CUT completou 39 anos, período em que teve uma atuação fundamental na recente história do país, seja pela reconquista da democracia impondo um fim ao período sombrio da ditadura militar (1964-1985), seja pela luta e conquista de direitos históricos da classe trabalhadora.
Nascida em 1983, um dos papéis principais da CUT foi derrotar o autoritarismo da ditadura que torturou e matou quem defendia a democracia, perseguiu e atacou as liberdades democráticas. Direitos, expressões políticas e inciativas de organização dos trabalhadores foram os principais alvos do regime.
Naquele tempo, o propósito da CUT era combater a autocracia, a carestia e defender direitos trabalhistas; hoje, a luta é pela preservação da democracia, contra a inflação que voltou a engolir o poder de compra da classe trabalhadora e defender os direitos atacados desde o golpe de 2016.
“A CUT nasceu em 1983 e o grande ponto era a democracia, a volta das eleições diretas, os direitos dos trabalhadores e a defesa do salário. Hoje, 39 anos depois, a manutenção da democracia e dos direitos sociais e trabalhistas estão no centro da nossa luta”, diz o presidente Nacional da CUT, Sérgio Nobre.
Desde 2016, ele afirma, com o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, os direitos dos trabalhadores vêm sendo atacados, mostrando “que, na verdade, foi um golpe contra a classe trabalhadora”. Além disso, o país vem sofrendo constantes ameaças às instituições democráticas e de forma mais intensiva de 2019 para cá, quando o atual presidente, Jair Bolsonaro (PL) assumiu o poder.
“Desde o golpe de 2016 tivemos muitos retrocessos. Foi um golpe duro contra a classe trabalhadora e que veio com um desmonte do movimento sindical. A extrema direita ganhou eleições em vários lugares no mundo, mas em nenhum país o movimento sindical foi atacado como no Brasil”, afirma Sérgio Nobre.
Os ataques, ele explica, se deram por meio da interrupção das fontes de financiamento e organização de trabalhadores, além do desmantelamento da legislação Trabalhista, ainda no governo do ilegítimo Michel Temer (MDB), em 2017, com a reforma Trabalhista, que além de retirar direitos, desvalorizou o trabalho. “É uma realidade comprovada por várias pesquisas. O salário nunca valeu tão pouco”, diz o presidente Nacional da CUT.
“A luta da CUT hoje é pela democracia e pela reconquista da dignidade”, reforça Sérgio Nobre, que faz um resgate dos últimos anos para delinear a atuação da Central, citando também a pandemia, período em que a trabalhadores e trabalhadoras tiveram de se adaptar a uma nova realidade para proteger suas vidas, mas sem um amparo justo do Estado brasileiro, ou seja, do governo por Bolsonaro.
“No momento em que os trabalhadores se viram obrigados ao isolamento, para salvar suas próprias vidas, a sobrevivência de milhões de trabalhadores veio pelo Auxílio Emergencial que foi uma luta da CUT e centrais sindicais, articuladas com partidos no Congresso para aprovar a medida. Não foi iniciativa de Bolsonaro”, lembra o presidente.
A ideia inicial de Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, era conceder um benefício de apenas R$ 200 e somente para microempreendedores individuais, durante os três primeiros meses da pandemia que atingiu o Brasil em março de 2020.
Sérgio Nobre cita ainda atuação desastrosa no combate à pandemia no que diz respeito à vacinação da população brasileira. ”Além dos escândalos evolvendo a tentativa de compra de vacinas superfaturadas, o governo Bolsonaro não só protelou a compra, atrasando o início da imunização o que poderia ter salvado milhares de vida como fez campanha contra a vacinação e estimulou tratamentos sem eficácia científica contra a Covid”, ele lembra.
Foi um crime que resultou na morte de 682 mil pessoas. Um genocídio contra a classe trabalhadora
A luta da Central nos tempos atuais também tem foco no combate à fome. São diversas as iniciativas que prestam solidariedade aos trabalhadores mais vulneráveis, entre elas os Comitês de Luta da Central, em várias cidades, que têm por objetivo não só dialogar com a sociedade sobre a tragédia social que vivemos e a conscientização de que é pelo exercício da cidadania – o voto – que escolhemos que caminhos o Brasil deve tomar, como também arrecadar alimentos, por meio de sindicatos e organizações parceiras, a serem distribuídos à população mais necessitada.
Hoje, enquanto o atual presidente vai à TV dizer que não há fome no país porque ele não vê “pessoas pedindo pão no caixa da padaria” (declaração dada em entrevista ao programa Pânico da Jovem Pan), a realidade nua e cruz está em praticamente todas as cidades.
“Todo mundo vê o estado em que o Brasil se encontra, com famílias morando nas ruas, crianças pedindo comida nos semáforos, 33 milhões de brasileiros passando fome, 125 milhões que não conseguem fazer três refeições por dia. Ou seja, Bolsonaro desdenha da tragédia social vivida por esses milhões de brasileiros”, critica o presidente nacional da CUT.
“A década de 1980, quando a CUT nasceu, ficou conhecida como a década perdida para a economia, mas nem naquele momento a crise social era tão grave”, observa Sérgio Nobre. Segundo ele, o trágico cenário atual é resultado das políticas nefastas do atual governo e do governo anterior, de Michel Temer. Para o dirigente, este é pior momento da história da classe trabalhadora.
A CUT faz 39 anos com esperança porque as pesquisas estão mostrando que o povo brasileiro quer mudança e um governo que tenha no seu centro a dignidade de seu povo, dos trabalhadores, em especial, com direitos, com desenvolvimento, com geração de emprego, renda digna, moradia e principalmente sem esse que é o nosso maior flagelo – a fome
Ainda de acordo com o dirigente, a luta da CUT é árdua para que a Central possa comemorar os 40 anos, em 2023, em um cenário de democracia sendo recuperada, com a pauta da classe trabalhadora sendo discutida e com a esperança que o Brasil possa ser o país que sempre foi pela referência na atuação sindical.
“O olhar para o futuro é um país sendo reconstruído com otimismo e o trabalhador no foco do próximo governo, com o país crescendo, reduzindo desigualdades e apagando da memória as cenas tristes de pessoas em filas para conseguir ossos para comer, de famílias morando embaixo de viadutos e apagar a cena de que o trabalhador não teve proteção e foi impedido de reclamar os direitos, diz o presidente Nacional da CUT.
Vamos recuperar o caminho da civilidade, fazer do Brasil um país justo e isso começa pela dignidade do povo, sem fome e com direitos. É enfrentando a crise social que o país vai crescer
O futuro da CUT
Há 39 anos sem as redes sociais nem toda a tecnologia da comunicação que hoje nos conecta rapidamente e faz com que a informação chegue instantaneamente nos trabalhadores, o movimento sindical já tinha disposição de unir os trabalhadores. Foi de 26 a 28 de agosto que 5.059 delegados sindicais, além de centenas de observadores, apoiadores e convidados internacionais foram a São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, participar do 1° Congresso Nacional da Classe Trabalhadora (Conclat), que deu origem à CUT.
Ao longo de todos esses anos, a tecnologia avançou, assim como o mercado de trabalho foi mudando. No entanto, os princípios que fundamentaram a criação da Central permanecem até hoje. Cada vez mais antenada e atualizada com as novas tecnologias na comunicação, a CUT cumpre seu papel de ser um instrumento de luta para dignidade dos trabalhadores.
“A CUT se constituiu na ditadura como uma rede de apoio aos trabalhadores à maneira que foi possível à época, com as limitações que tínhamos. Hoje nosso desafio é fortalecer a nossa rede digital, conectando ainda mais os trabalhadores ao movimento sindical. Para isso, por exemplo, temos as Brigadas Digitais da CUT que são um instrumento de mobilização”, afirma Roni Barbosa, secretário de Comunicação da CUT.
Ele explica que as Brigadas fazem parte de uma estratégia que une a luta das ruas, que deve permanecer, com o ativismo digital, imprescindível no mundo atual. “É um território vasto que precisa ser ocupado pelos sindicatos.
Nosso desafio é esse – o de explorar ao máximo a digitalização como ferramenta de luta para dar conta das transformações que estão ocorrendo não só no mundo do trabalho, mas na sociedade como um todo
Rumo aos 40 anos de existência – uma história repleta de lutas, dificuldades, enfrentamentos, mas acima de tudo, muitas vitórias, a CUT constantemente se renova com o objetivo de reforçar os pilares de sustentação da defesa dos direitos dos trabalhadores e de uma sociedade mais justa e igualitária. E a organização da classe é um desses pilares.
Escrito por: Andre Accarini | Editado por: Marize Muniz (Portal CUT)
Desde que a CUT lançou, no início deste ano os projetos Comitês de Luta em Defesa da Classe Trabalhadora, pela Vida e Democracia e as Brigadas Digitais é grande a mobilização de dirigentes sindicais e militantes criando espaços para ajudar a reconstruir o Brasil.
E na próxima segunda-feira (23), um encontro via Zoom, a partir das 18h30, que vai reunir o presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, e João Paulo Rodrigues, da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores sem Terra (MST) vai reforçar a unidade e mobilização para mudar o Brasil.
No Encontro Nacional Construindo os Comitês de Luta e as Brigadas Digitais, as três lideranças vão expressar a unidade ação entre as diversas inciativa de Comitês e organização de base e os participantes poderão trocar experiências e conhecer os maiores desafios na caminhada de construção dos comitês e das brigadas com sindicalistas e militantes de todo o país.
Para participar, é só clicar aqui: https://bit.ly/3sFqmeH
O que são os comitês de luta?
Em fevereiro, no dia do lançamento dos comitês, Sérgio Nobre explicou o projeto dizendo que Comitês de Luta em Defesa da Classe Trabalhadora, pela Vida e Democracia é um instrumento de luta para mobilizar trabalhadores e trabalhadoras para que o Brasil retome o rumo do desenvolvimento econômico e social do país.
O que é o projeto Brigadas Digitais da CUT?
Lançando em março, o projeto Brigadas Digitais da CUT também é um instrumento de organização da sociedade e dos trabalhadores e trabalhadoras de todo o Brasil, que, neste caso, vão atuar nas redes sociais para disseminar informação de qualidade – fatos reais – sobretudo via WhatsApp, sobre temas importantes e que se referem à vida cada cidadão.
O objetivo é fortalecer a democracia combatendo um dos piores males surgidos nos últimos tempos, as fake news, que espalham mentiras, ódio e intolerância, que podem destruir democracias e levar o extremismo de direita ao poder.
Cadastre seu comitê
Já está disponível o formulário para que a militância faça o cadastro dos seus comitês locais. É uma etapa muito importante do processo organizativo, pois a partir do cadastro comitê passa a fazer parte de uma rede nacional de mobilização e ação em defesa da vida da classe trabalhadora e da democracia.
Acesse: http://comitesdeluta.cut.org.br
Material de Apoio
A CUT produziu o Guia Sindical de Organização e Mobilização dos Comitês de Luta e outros materiais para identidade visual do seu comitê. Acesse aqui.
Um instrumento dos trabalhadores na defesa dos seus direitos. Ele apresenta as principais garantias previstas na legislação e nas convenções e acordos coletivos de trabalho assinadas pelo Sindicato.